Companheiras e Companheiros
Quando a idéia do Fórum surgiu, havia um pequeno grupo de pessoas, parte do núcleo da luta antimanicomial em Santa Catarina, que havia se revigorado com a ida de delegação com cerca de 40 pessoas, entre usuários, familiares e trabalhadores, ao encontro nacional do movimento, na cidade de Miguel Pereira, RJ, em outubro de 2001.
Naquele mesmo ano ocorreu um evento em Florianópolis, de abrangência estadual, que buscou discutir e encaminhar propostas para a construção de uma autêntica política de saúde mental, consonante com a reforma psiquiátrica que então se instalava no país. Estávamos todos na época ainda saboreando a entrada em vigor da lei 10.216, depois de longos anos de debates no Congresso Nacional, ainda que muito desfigurada do projeto original. Coisas, como a proibição da construção de novos manicômios, que a redação final apenas sugere:
Art. 2o - Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.
E temos vários exemplos da necessidade de que a sociedade civil organizada pressione a máquina estatal. Nesse ano de 2004 vemos mais uma onda contrária à reforma se estabelecer, com a aprovação da abertura de um hospital psiquiátrico com 50 leitos em Guaraniaçu, pelo Conselho Estadual de Saúde do Paraná, conforme documento encabeçado pelo Fórum Popular de Saúde daquele Estado, que o Deputado Rosinha do PT Paranaense endossa, dirigido ao Conselho Nacional de Saúde em agosto desse ano. Queremos isso em nossa Santa e Bela Catarina?
Hoje nos deparamos com uma situação crítica. Nosso Fórum Catarinense de Saúde Mental, inchado e institucionalizado, plataforma política para uns, substituto da inoperante coordenação de saúde mental da Secretaria Estadual de Saúde para outros, possibilidade fazer um passeio para ainda outros, está correndo o risco de desaparecer. As tentativas de interferir diretamente naquela Coordenação via Colegiado de Atenção Psicosocial são ainda incipientes. Permanecemos aqui ainda sob a égide da lógica manicomial, visto que as principais decisões no âmbito estadual, passam por pessoas ligadas ao IPQ (Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina).
Diante de todos estes fatos, essa nossa próxima reunião me parece vital, para que tomemos uma postura distanciada dos ventos palacianos, declarando uma posição claramente contrária à maré manicomial que preside a política de saúde mental em Santa Catarina.
Para tanto, uma reunião de pessoas conscientes e preparadas para discutir o tema, com posição antimanicomial clara e disposição para a luta, parece crucial. Temo pelo desvirtuamento. Temo pela institucionalização e engessamento do Fórum. Temo pela falta de uma base que, para além dos CAPS e seus trabalhadores, pudesse participar de mini-fórum regionalizados com acúmulo de discussão e propostas factíveis.
Ainda que costumeiramente eu costume pregar a tolerância e a inclusão, é chegada a hora de separar o joio do trigo. E que nosso Fórum retome seu rumo, cheio de um idealismo vigoroso, com militantes atentos, suas espadas desembainhadas e dispostos a cortar cabeças.
Senão melhor será optar pelo bloco do eu sozinho, no melhor espírito anarquista, inverter a lógica e tentar povoar os pesadelos de nossos carcereiros, seus hospícios e eletrochoques.
Quando a idéia do Fórum surgiu, havia um pequeno grupo de pessoas, parte do núcleo da luta antimanicomial em Santa Catarina, que havia se revigorado com a ida de delegação com cerca de 40 pessoas, entre usuários, familiares e trabalhadores, ao encontro nacional do movimento, na cidade de Miguel Pereira, RJ, em outubro de 2001.
Naquele mesmo ano ocorreu um evento em Florianópolis, de abrangência estadual, que buscou discutir e encaminhar propostas para a construção de uma autêntica política de saúde mental, consonante com a reforma psiquiátrica que então se instalava no país. Estávamos todos na época ainda saboreando a entrada em vigor da lei 10.216, depois de longos anos de debates no Congresso Nacional, ainda que muito desfigurada do projeto original. Coisas, como a proibição da construção de novos manicômios, que a redação final apenas sugere:
Art. 2o - Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.
E temos vários exemplos da necessidade de que a sociedade civil organizada pressione a máquina estatal. Nesse ano de 2004 vemos mais uma onda contrária à reforma se estabelecer, com a aprovação da abertura de um hospital psiquiátrico com 50 leitos em Guaraniaçu, pelo Conselho Estadual de Saúde do Paraná, conforme documento encabeçado pelo Fórum Popular de Saúde daquele Estado, que o Deputado Rosinha do PT Paranaense endossa, dirigido ao Conselho Nacional de Saúde em agosto desse ano. Queremos isso em nossa Santa e Bela Catarina?
Hoje nos deparamos com uma situação crítica. Nosso Fórum Catarinense de Saúde Mental, inchado e institucionalizado, plataforma política para uns, substituto da inoperante coordenação de saúde mental da Secretaria Estadual de Saúde para outros, possibilidade fazer um passeio para ainda outros, está correndo o risco de desaparecer. As tentativas de interferir diretamente naquela Coordenação via Colegiado de Atenção Psicosocial são ainda incipientes. Permanecemos aqui ainda sob a égide da lógica manicomial, visto que as principais decisões no âmbito estadual, passam por pessoas ligadas ao IPQ (Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina).
Diante de todos estes fatos, essa nossa próxima reunião me parece vital, para que tomemos uma postura distanciada dos ventos palacianos, declarando uma posição claramente contrária à maré manicomial que preside a política de saúde mental em Santa Catarina.
Para tanto, uma reunião de pessoas conscientes e preparadas para discutir o tema, com posição antimanicomial clara e disposição para a luta, parece crucial. Temo pelo desvirtuamento. Temo pela institucionalização e engessamento do Fórum. Temo pela falta de uma base que, para além dos CAPS e seus trabalhadores, pudesse participar de mini-fórum regionalizados com acúmulo de discussão e propostas factíveis.
Ainda que costumeiramente eu costume pregar a tolerância e a inclusão, é chegada a hora de separar o joio do trigo. E que nosso Fórum retome seu rumo, cheio de um idealismo vigoroso, com militantes atentos, suas espadas desembainhadas e dispostos a cortar cabeças.
Senão melhor será optar pelo bloco do eu sozinho, no melhor espírito anarquista, inverter a lógica e tentar povoar os pesadelos de nossos carcereiros, seus hospícios e eletrochoques.