Pablo Neruda
terça-feira, julho 13, 2004
quarta-feira, julho 07, 2004
Desassossegados
O que me espanta é não vermos que por trás de tudo isso está a lógica
de mercado. O velho e bom capitalismo, disfarçado de neoliberalismo,
transformando-nos constantemente em peças de engrenagem, para que
sejamos consumidos enquanto consumimos (no melhor estilo MATRIX).
Lembra que no filme tem uma pílula milagrosa? Por que será que era
uma pílula e não uma respiração especial,tipo yoga ou taichi, ou
outra forma de gerar consciência? Será que não se trata de uma
propaganda subliminar da maravilhosa indústria farmacêutica?
Tem também aquele livro, o Admirável Mundo Novo, do Huxley, que nos
anos sessenta já previa a invenção da pílula da felicidade que
chamava de soma. Seria o prozac?
Nossa, devo estar com delírios persecutórios. Deixa eu ir correndo
tomar meu haldol, ou carbolítio, ou topamax, ou zyprexa, ou
habilify...
Falando nisso, que tal imaginar uma medicina sem lucro?
Médicos trabalhando pela vida humana, sem ter grandes contas
bancárias?
Que tal imaginar políticos trabalhando voluntariamente, tendo outra
profissão que os sustente?
E os padres que recebem dinheiro para serem intermediários de deus, e
a igreja, empresa mega multi milionária, especializada em vender
futuro, sem nenhuma garantia para quem compra?
A lista não tem fim e o monstro vive a nos devorar.
"Olhe, mas não toque; toque, mas não prove; prove, mas não coma; coma
mas não saboreie".
Abraço a todos
Nilo Neto - revolucionário de plantão
O que me espanta é não vermos que por trás de tudo isso está a lógica
de mercado. O velho e bom capitalismo, disfarçado de neoliberalismo,
transformando-nos constantemente em peças de engrenagem, para que
sejamos consumidos enquanto consumimos (no melhor estilo MATRIX).
Lembra que no filme tem uma pílula milagrosa? Por que será que era
uma pílula e não uma respiração especial,tipo yoga ou taichi, ou
outra forma de gerar consciência? Será que não se trata de uma
propaganda subliminar da maravilhosa indústria farmacêutica?
Tem também aquele livro, o Admirável Mundo Novo, do Huxley, que nos
anos sessenta já previa a invenção da pílula da felicidade que
chamava de soma. Seria o prozac?
Nossa, devo estar com delírios persecutórios. Deixa eu ir correndo
tomar meu haldol, ou carbolítio, ou topamax, ou zyprexa, ou
habilify...
Falando nisso, que tal imaginar uma medicina sem lucro?
Médicos trabalhando pela vida humana, sem ter grandes contas
bancárias?
Que tal imaginar políticos trabalhando voluntariamente, tendo outra
profissão que os sustente?
E os padres que recebem dinheiro para serem intermediários de deus, e
a igreja, empresa mega multi milionária, especializada em vender
futuro, sem nenhuma garantia para quem compra?
A lista não tem fim e o monstro vive a nos devorar.
"Olhe, mas não toque; toque, mas não prove; prove, mas não coma; coma
mas não saboreie".
Abraço a todos
Nilo Neto - revolucionário de plantão
terça-feira, julho 06, 2004
Projeto Aluado
Resgatando a memória do movimento da luta antimanicomial do Brasil
Os amores na mente as flores no chão
A certeza na frente, a História na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição
Geraldo Vandré
Objetivo
Reunir, preservar e compartilhar com todos os interessados, os documentos históricos que fizeram parte da trajetória do MLA.
Justificativa
Existem espalhados pelas casas dos militantes, em alguns caps e repartições públicas, milhares de fotos, desenhos, cartazes, panfletos, filmes, jornais que fizeram parte de momentos importantes da construção da reforma psiquiátrica em nosso país.
Este material está disperso e inacessível, correndo risco de se perder e deixar de ser aproveitado.
Notas:
• Criar uma ong ou fundação, para ser a curadora deste material.
• Espaço físico e equipamento para colocar à disposição dos pesquisadores e público em geral, o acervo disponível.
• Divulgação do Projeto para que haja doações.
• Certeza de continuidade, para que as pessoas confiem que o material doado não vá se perder nem deteriorar.
• Organização de exposições e visitas de escolares.
• Fazer contato com projetos assemelhados de outros países, para troca de experiência.
• Buscar informações com o pessoal da biblioteconomia.
• Garantir a participação dos usuários e familiares na organização, sendo que deverão ser remunerados pelo trabalho.
Nilo Marques de Medeiros Neto
Representante do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial junto à Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Conselho Nacional de Saúde.
Resgatando a memória do movimento da luta antimanicomial do Brasil
Os amores na mente as flores no chão
A certeza na frente, a História na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição
Geraldo Vandré
Objetivo
Reunir, preservar e compartilhar com todos os interessados, os documentos históricos que fizeram parte da trajetória do MLA.
Justificativa
Existem espalhados pelas casas dos militantes, em alguns caps e repartições públicas, milhares de fotos, desenhos, cartazes, panfletos, filmes, jornais que fizeram parte de momentos importantes da construção da reforma psiquiátrica em nosso país.
Este material está disperso e inacessível, correndo risco de se perder e deixar de ser aproveitado.
Notas:
• Criar uma ong ou fundação, para ser a curadora deste material.
• Espaço físico e equipamento para colocar à disposição dos pesquisadores e público em geral, o acervo disponível.
• Divulgação do Projeto para que haja doações.
• Certeza de continuidade, para que as pessoas confiem que o material doado não vá se perder nem deteriorar.
• Organização de exposições e visitas de escolares.
• Fazer contato com projetos assemelhados de outros países, para troca de experiência.
• Buscar informações com o pessoal da biblioteconomia.
• Garantir a participação dos usuários e familiares na organização, sendo que deverão ser remunerados pelo trabalho.
Nilo Marques de Medeiros Neto
Representante do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial junto à Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Conselho Nacional de Saúde.
sexta-feira, julho 02, 2004
CAPSTELO, CAPSTRANHO E CAPISTRANO
Muitos foram os encontros e desencontros desse primeiro congresso dos caps.
Saber que o pioneiro trabalho de Santos anda mal das pernas, doeu. Saber que existem mais caps privados e feitos dentro dos hospícios do que a gente imaginava, também.
Lindo foi ver tanta gente lutando, desejando e realizando a tal reforma psiquiátrica. Eu me senti mesmo muito amado, na minha condição flutuante de louco. Fiquei feliz também pelos meus companheiros e companheiras usuárias Brasil afora, que recebem a atenção diária desses valorosos guerreiros, trabalhadores da atenção psicosocial.
Participei de uma oficina sobre cooperativa e geração de renda.
Daí veio àquela coisa toda sobre como dividi os ganhos, como conseguir convênios, quem pode capacitar para o trabalho e tal.
Então perguntei aos trabalhadores de saúde mental presentes, se nas oficinas de geração de renda se discutia a ideologia por trás do modo de produção capitalista, como fator preponderante do sofrimento psíquico trabalhadores e eles me olharam como se eu fosse maluco...
Então preciso fazer umas reflexões aqui.
MARX E MATRIX
Numa grande reunião para discutir a implementação planetária do conceito de “você-pode-ser-um-vencedor”, Og Mandino, Dale Carnegie, Joseph Murphy, Napoleon Hill e Norman Vicent Peale e Lair Ribeiro concluíram que a única verdadeira saída para os portadores de transtorno mental era a de oferecer-lhes sub-empregos em fábricas, comércio, dando-lhes um sub-salário que não os matasse de fome, mas que garantisse à imagem dos donos do poder, um toque a mais de brilho e autoestima. Disseram os doutos senhores:
- Vamos dar esmola disfarçada aos malucos, para que não digam que somos desumanos. Assim eles também se ocupam de suas tarefas, como abelhas operárias e não ficam por aí fazendo estripulias. Além disso, deixam mais tempo para que seus familiares também sejam eficientes abelhas e possam no final do mês comprar medicamentos caros.
- Melhor ainda - disse Murphy - vamos juntar os governos e a indústria farmacêutica, aumentando o preço dos impostos e comprando remédios de alto custo, para que o governo faça essa compra.e as famílias achem que estão pegando remédio “de graça” nos postos de saúde. Enquanto isso vamos lucrando cada vez mais e deixando os ricos cada vez mais ricos e o hemisfério norte do planeta cada vez mais paranóico e milionário.
Então algum gênio da espécie que nem lembro bem quem, pensou:
- Mas qual seria a relação entre trabalho e loucura? Será que existe um sofrimento psíquico implícito nessa forma de organização capitalista que temos, por exemplo, dos trabalhadores das cidades e campos? E mais, se eles enlouquecem devido a esse conjunto poderoso de: salário, transporte público, saneamento básico, agrotóxicos, quem somos nós para ousar afastá-los do mercado de trabalho, tirando-lhes a chance incrível de ser operário-padrão. VAMOS SEM DEMORA FAZER A INCLUSÃO SOCIAL.
A PROPOSTA DO MILÊNIO
Tudo isso é porque lá naquela tal oficina do congresso dos caps, uma pessoa sugeriu que a indústria farmacêutica estaria interessada em financiar uma cooperativa de usuários de serviço de saúde mental.
Ora, fazendo isso, fecha-se o ciclo.
As pessoas enlouquecem por são coisificadas nas suas relação de trabalho. São levadas aos hospitais psiquiátricos, onde são tratadas com remédios de alto e baixo custo, fabricados por multinacionais e empresas brasileiras da indústria farmacêutica.
Quando melhoram um pouco são recolocadas no trabalho, via oficinas de geração de renda. Estas são muito semelhantes àquelas que os fizeram adoecer, com a vantagem de serem financiadas pela indústria que fabrica os remédios.
Ainda por cima, intermediada por uma falsa ciência chamada psiquiatria tradicional, que endossa tudo isso e legitima essa construção perante: a sociedade, as famílias e os próprios loucos, que acham muito bom poder enlouquecer novamente nas oficinas do hospício. Tudo isso não é maravilhoso???
Nossa verdadeira luta será sempre a de derrubar esse muro mental que separa: loucos e normais, negros e brancos, homens e mulheres, gays e heteros...
Nesse sentido, uma organização de trabalho que seja solidária, democrática, cooperativa, amorosa, ética, parece a verdadeira resposta para que nós, portadores de transtornos mentais, os ditos loucos, possamos começar a espalhar nossa doce loucura mundo afora.
Como dizia esse outro maluco do bem, Francisco de Assis: a loucura é o sol que não deixa a razão apodrecer. Vamos dar mais esse exemplo aos chamados normais, criando formas de trabalho que possam ser saudáveis e prazerosas. Vamos reinventar um mundo tolerante e tesudo. E que se inclua quem quiser, ou puder.
Nilo Marques de Medeiros Neto
Representante do Movimento da Luta Antimanicomial junto à Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Conselho Nacional de Saúde – Brasília/DF
Muitos foram os encontros e desencontros desse primeiro congresso dos caps.
Saber que o pioneiro trabalho de Santos anda mal das pernas, doeu. Saber que existem mais caps privados e feitos dentro dos hospícios do que a gente imaginava, também.
Lindo foi ver tanta gente lutando, desejando e realizando a tal reforma psiquiátrica. Eu me senti mesmo muito amado, na minha condição flutuante de louco. Fiquei feliz também pelos meus companheiros e companheiras usuárias Brasil afora, que recebem a atenção diária desses valorosos guerreiros, trabalhadores da atenção psicosocial.
Participei de uma oficina sobre cooperativa e geração de renda.
Daí veio àquela coisa toda sobre como dividi os ganhos, como conseguir convênios, quem pode capacitar para o trabalho e tal.
Então perguntei aos trabalhadores de saúde mental presentes, se nas oficinas de geração de renda se discutia a ideologia por trás do modo de produção capitalista, como fator preponderante do sofrimento psíquico trabalhadores e eles me olharam como se eu fosse maluco...
Então preciso fazer umas reflexões aqui.
MARX E MATRIX
Numa grande reunião para discutir a implementação planetária do conceito de “você-pode-ser-um-vencedor”, Og Mandino, Dale Carnegie, Joseph Murphy, Napoleon Hill e Norman Vicent Peale e Lair Ribeiro concluíram que a única verdadeira saída para os portadores de transtorno mental era a de oferecer-lhes sub-empregos em fábricas, comércio, dando-lhes um sub-salário que não os matasse de fome, mas que garantisse à imagem dos donos do poder, um toque a mais de brilho e autoestima. Disseram os doutos senhores:
- Vamos dar esmola disfarçada aos malucos, para que não digam que somos desumanos. Assim eles também se ocupam de suas tarefas, como abelhas operárias e não ficam por aí fazendo estripulias. Além disso, deixam mais tempo para que seus familiares também sejam eficientes abelhas e possam no final do mês comprar medicamentos caros.
- Melhor ainda - disse Murphy - vamos juntar os governos e a indústria farmacêutica, aumentando o preço dos impostos e comprando remédios de alto custo, para que o governo faça essa compra.e as famílias achem que estão pegando remédio “de graça” nos postos de saúde. Enquanto isso vamos lucrando cada vez mais e deixando os ricos cada vez mais ricos e o hemisfério norte do planeta cada vez mais paranóico e milionário.
Então algum gênio da espécie que nem lembro bem quem, pensou:
- Mas qual seria a relação entre trabalho e loucura? Será que existe um sofrimento psíquico implícito nessa forma de organização capitalista que temos, por exemplo, dos trabalhadores das cidades e campos? E mais, se eles enlouquecem devido a esse conjunto poderoso de: salário, transporte público, saneamento básico, agrotóxicos, quem somos nós para ousar afastá-los do mercado de trabalho, tirando-lhes a chance incrível de ser operário-padrão. VAMOS SEM DEMORA FAZER A INCLUSÃO SOCIAL.
A PROPOSTA DO MILÊNIO
Tudo isso é porque lá naquela tal oficina do congresso dos caps, uma pessoa sugeriu que a indústria farmacêutica estaria interessada em financiar uma cooperativa de usuários de serviço de saúde mental.
Ora, fazendo isso, fecha-se o ciclo.
As pessoas enlouquecem por são coisificadas nas suas relação de trabalho. São levadas aos hospitais psiquiátricos, onde são tratadas com remédios de alto e baixo custo, fabricados por multinacionais e empresas brasileiras da indústria farmacêutica.
Quando melhoram um pouco são recolocadas no trabalho, via oficinas de geração de renda. Estas são muito semelhantes àquelas que os fizeram adoecer, com a vantagem de serem financiadas pela indústria que fabrica os remédios.
Ainda por cima, intermediada por uma falsa ciência chamada psiquiatria tradicional, que endossa tudo isso e legitima essa construção perante: a sociedade, as famílias e os próprios loucos, que acham muito bom poder enlouquecer novamente nas oficinas do hospício. Tudo isso não é maravilhoso???
Nossa verdadeira luta será sempre a de derrubar esse muro mental que separa: loucos e normais, negros e brancos, homens e mulheres, gays e heteros...
Nesse sentido, uma organização de trabalho que seja solidária, democrática, cooperativa, amorosa, ética, parece a verdadeira resposta para que nós, portadores de transtornos mentais, os ditos loucos, possamos começar a espalhar nossa doce loucura mundo afora.
Como dizia esse outro maluco do bem, Francisco de Assis: a loucura é o sol que não deixa a razão apodrecer. Vamos dar mais esse exemplo aos chamados normais, criando formas de trabalho que possam ser saudáveis e prazerosas. Vamos reinventar um mundo tolerante e tesudo. E que se inclua quem quiser, ou puder.
Nilo Marques de Medeiros Neto
Representante do Movimento da Luta Antimanicomial junto à Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Conselho Nacional de Saúde – Brasília/DF
Assinar:
Postagens (Atom)