sexta-feira, novembro 07, 2008
Assim, os seguintes elementos fazem parte da integralidade do objeto das abordagens psicossociais: a) o conhecimento crítico da realidade, das relações de poder e das contradições e lutas coisas na sociedade; b) a luta pela transformação das condições concretas de vida, de moradia e trabalho, enriquecer a vida do usuário de atenção psicossocial; c) o amplo reconhecimento das necessidades/desejos específicos dos indivíduos e grupos sociais; d) mudanças dos serviços e políticas sociais e dos saberes científico e profissionais no campo e dos pressupostos epistemológicos que os sustentam; e) ampliação da defesa dos direitos civis, políticos e sociais dos usuários através do empoderamento e exercício da cidadania; f) reinvenção de modos de viver no sentido de maior criatividade e inovação, ao contrário da adaptação e ajustamento social. (VASCONCELOS, 2008b).
Basaglia (2005) relata que a realidade é própria de uma ideologia, pois não corresponde ao concreto. A ideologia é utilizada como instrumento de domínio. Assim, usar a ciência e a tecnologia sem levar em consideração a classe a quem pertence o internado psiquiátrico e a evidente função do controle social por parte das instituições e de quem as gerencia, deixa explícita a função política da ideologia psiquiátrica, que tem como finalidade primeira a tutela da ordem pública e não o tratamento. Pois, ao utilizar o positivismo como âncora para explicar de maneira racional e cientifica a condição da loucura, só pode dizer que é doença, a palavra doença, nada mais. É como ocupar lugar num saco vazio através de um sopro. Os serviços psiquiátricos permanecem inseridos na lógica cientifica e econômica de responder a doença mental com a segregação. A doença é incurável e incompreensível, seu sintoma é a periculosidade ou obscenidade, onde a resposta cientifica é o manicômio, onde a doença mental pode ser tutelada e controlada. A norma é representada pela eficiência e produtividade, quem não produz, deve se encontrar num espaço que não atrapalhe o ritmo social. A ciência serve assim para confirmar a diversidade patológica que é instrumentalizada segundo as exigências da ordem pública, da economia e do controle social.
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