terça-feira, março 30, 2004

escoliose

2003 foi um ano bom. Estivemos, em outubro, no III Fórum Catarinense de Saúde Mental, em Brusque. Conhecemos outros amigos de outras cidades, que também freqüentam os CAPS. Vendemos nossos produtos, pudemos discutir e fazer propostas sobre a situação em Santa Catarina. Também estivemos no 7º Encontro Nacional dos Usuários e Familiares do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, no Município de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, em setembro. Em maio, teve o III Encontro Catarinense de Saúde Mental, na UFSC, para comemorar o 18 de maio, dia nacional da luta antimanicomial. Nessa mesma data, o NAPS teve um dia aberto para a comunidade que foi muito bom, para que mais pessoas conhecessem as possibilidades da Associação. Teve a luta pela reforma do casarão, que aconteceu principalmente nas reuniões do Conselho Municipal de Saúde. Teve a visita ao CAPS da Palhoça, onde a gente também participou de várias reuniões para trocar experiências, no sentido da formação de uma Associação. Participamos da luta dos companheiros do CAPS da policlínica, pela manutenção do atendimento de Álcool e Drogas. Na 102.9 FM, Rádio de Tróia, o Programa Mutante FM, apresentou várias mensagens, reportagens e músicas, sempre tentando desmistificar a loucura com muito bom humor. Vai ao ar todas as quintas, das 3 às 4 da tarde e dá pra ouvir bem na Trindade e bairros próximos. As velhas lutas pela comida e o passe continuam, sendo que melhorou bastante a qualidade e quantidade da alimentação.
Também temos desafios. Ainda não atingimos o grau de eficiência na geração de renda aos usuários, que desejamos. É preciso caminhar na direção: do cooperativismo, da compreensão dos extenuantes caminhos burocráticos e políticos, que cercam as fontes de financiamento e da capacidade de motivar nossos associados a buscarem a sua autonomia, usando o espaço da Associação para crescer. Precisamos lutar pela implantação da rede substitutiva de serviços de saúde mental em nosso município. Sem ela, corremos o risco de termos um tratamento insatisfatório, mesmo para os que ainda conseguem ser atendidos. Sem pelo menos: mais 4 Caps II, um CAPSi, dois CAPSAD, leitos em hospitais gerais, um centro de convivência, 4 Lares Abrigados, uma sede própria para a Associação e mais outras formas de atenção psicosocial que venham a surgir, o trabalho estará sempre deixando a desejar. Temos que acabar com o eletrochoque, que infelizmente ainda é aplicado em Santa Catarina. Precisamos acompanhar a implantação do programa “De volta pra casa”, do Governo Federal e também o PNASH – Psiquiatria (Programa de Avalição dos Hospitais Psiquiátricos), que o Governo Estadual faz, para garantir um mínimo de respeito aos pacientes que estão internados, enquanto ainda existirem manicômios. Falando nisso, o HCTP (antigo Manicômio Judiciário), também precisa do olhar atento desta Associação, porque todo mundo sabe que a vida lá dentro não é brincadeira e precisamos denunciar o desrespeito aos Direitos Humanos.
Como me disse um amigo usuário lá de Indaial, o Edson, que ligou esses dias para desejar um feliz natal: “a luta continua, companheiro.” É isso que eu diria pra todo mundo nesse final de ano. Com todas as nossas limitações e superações, acho que nós, usuários de serviço de saúde mental, estamos mostrando que através da organização e solidariedade um outro mundo é possível.

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