segunda-feira, julho 16, 2007

A senhora minha mãe, que participa de um grupo de auto ajuda para familiares de portadores de doença mental, com perfil burguês e afinidades manicomiais, me aparece com um texto de um psiquiatra da usp, ávido defensor do eletrochoque e um dos maiores adversários da reforma psiquiátrica conhecidos, publicado em revista semanal também reconhecidamente de direita.
Veio me mostrar, para que eu lesse e pudéssemos opinar, eu e meu pai, para que ela levasse o tal texto para discussão no grupo. A hora que eu vi o título, alguma coisa como “a normalidade existe”, logo pensei, está vendendo um serviço. E eu não sabia ainda quem era o autor. O contraponto dessa frase, famosa letra de Caetano Veloso, de perto ninguém é normal. Em seguida sugeri a minha querida progenitora que não levasse o texto, ao que ela retrucou que eu era radical.
Não vou entrar no mérito dessa discussão. Só queria deixar registrado que fiquei pensando no que oferecer a ela para levar ao grupo, ao invés do infame texto. Eu não sou um leitor contumaz dos teóricos antimanicomiais brasileiros. Que material seria interessante para aquele grupo de senhoras? O que temos produzido e para que fins? Textos demasiadamente acadêmicos seriam cansativos e herméticos.
Desde que me dei conta que esse blog antimanicomial está citado na página da saúde mental do ministério da saúde (http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/visualizar_texto.cfm?idtxt=24363&janela=2), assim como do site inverso, referência no assunto, na internet (http://www.inverso.org.br/index.php/content/view/10.html), atentei para o fato de que essa produção vai adquirindo algum valor aos que buscam informações nesse vasto mundo virtual.
Mas permanece a dúvida. Quem souber o que indicar, por favor ajude.